A propiciação
pelos nossos pecados
Embora outras palavras semelhantes
apareçam na Bíblia, a palavra grega (hilasmos) traduzida
"propiciação" em 1 João 2:2 e 4:10 aparece somente estas duas vezes
no Novo Testamento. É uma palavra rica que descreve um aspecto importantíssimo
da salvação.
Outras palavras que descrevem a
salvação falam em termos do pecado (perdão) ou do pecador (redenção,
remissão, etc.). Mas, a propiciação aborda o problema do pecado em relação
a Deus. Literalmente, a ideia da propiciação é de aplacar ou acalmar a ira
de Deus. Esta palavra nos dá motivo para frisar alguns aspectos importantes da
nossa salvação em Cristo:
A ira de Deus
O mesmo livro que fala sobre a
propiciação afirma que "Deus é amor" (1 João 4:7).
Infelizmente, uma imagem distorcida do amor de Deus tem prejudicado o nosso
entendimento da salvação. Muitas pessoas hoje acreditam na bondade de Deus,
mas não na severidade (Romanos 11:22). Acreditam na vida eterna, mas não no
castigo eterno (Mateus 25:46). A Bíblia claramente afirma que o mesmo Deus que
nos ama exige um sacrifício para acalmar a sua ira. As ideias de amor e ira
são reunidas no mesmo versículo quando João afirma: "Nisto
consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou
e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1
João 4:10).
No evangelho segundo João, o mesmo
capítulo que afirma o amor sem limite de Deus (veja João 3:16) nos lembra da
separação que haverá entre os fiéis e os rebeldes: "Por isso,
quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra
o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus"
(João 3:36). O verbo "permanecer", usado aqui, esclarece a natureza
da ira de Deus. Não é aquela explosão de raiva que, às vezes, domina o
homem. A ira de Deus é constante, pois vem do caráter justo dele. Ele sempre
odeia o pecado, sempre detesta a iniqüidade, e a ira dele sempre permanece
sobre os rebeldes (Romanos 1:18). A ira de Deus não vai e vem por capricho
divino, mas é a consequência da nossa desobediência. Qualquer conceito do
amor que exclui o castigo e a justiça apresenta uma doutrina pervertida sobre
Deus.
A paz com Deus
Embora a palavra propiciatório do
Velho Testamento vem de outra língua, a idéia que ela representa ilustra bem
um aspecto da propiciação. O propicia-tório era a tampa da arca da aliança,
o lugar onde o sumo sacerdote chegava anualmente com o sangue do sacrifício
feito pelos pecados do povo. Neste lugar, homens ímpios foram reconciliados com
o Deus santo, por meio do sangue. Mas os sacrifícios e os sacerdotes do Velho
Testamento foram tipos imperfeitos de Jesus. Ele uniu os papéis de sumo
sacerdote e sacrifício quando morreu pelos nossos pecados (Hebreus 8:3;
9:11-12). Ele é a nossa paz, nos reconciliando com Deus mediante a cruz
(Efésios 2:14,16).
A justiça de Deus
A propiciação de Jesus enfatiza a
justiça de Deus. Ele não pode aceitar o pecado. Qualquer "solução"
ao problema do pecado que não respondesse a realidade de sua ira negaria o seu
próprio caráter justo. Ele é santo e justo. A justiça dele exige a
penalidade apropriada pelo pecado: a morte (Romanos 6:23). Quando Jesus
apresentou seu próprio sangue como oferta pelo pecado, ele aplacou a ira de
Deus. Ele pagou o preço. A dívida não foi simplesmente esquecida; ela foi
paga pelo Filho amado. Esta é a verdade apresentada no riquíssimo texto de
Romanos 3:26: "...para ele mesmo ser justo e o justificador daquele
que tem fé em Jesus."
O amor de Deus
O amor se manifesta, sem negar a justiça, no ato sacrificial de Jesus. Deus Pai, "nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos" nos resgatando "pelo precioso sangue...o sangue de Cristo" (1 Pedro 1:3,18-19).
Advogado e
propiciação
1 João 2:1-2 apresenta Jesus em
relação ao cristão. Como os redimidos de Deus, devemos fazer tudo para evitar
o pecado em nossas vidas. João escre-veu para nos incentivar a não pecar. Mas,
se eu, como cristão,pecar? Estou perdido para sempre? Não! Ainda resta a
esperança que temos em Jesus. Como Advogado nos defendendo, Jesus paga o preço
dos nossos pecados para nos reconciliar com o Pai. Para usufruir dessas grandes
bênçãos em Cristo, devemos sempre "andar assim como ele
andou" (1 João 2:6).
por Dennis Allan
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